Marca paraense de biojoias ganha destaque no mercado de moda nacional

Imagem: @amazoniaancestral

Cristiane Martins, Mestre em Antropologia e Arqueologia pela Universidade Federal do Pará (UFPA), está à frente da marca Amazônia Ancestral, que desde 2018 produz joias, acessórios, esculturas de madeira reaproveitada e vem ganhando espaço na moda nacional com suas criações voltadas para a sustentabilidade e cultura amazônica.

A marca nasceu em 2018, quando Cristiane Martins vivia em Rio Branco, Acre. Na época, trabalhando como arqueóloga no serviço público, sentia que poderia fazer mais com seu conhecimento sobre a ancestralidade dos povos da floresta. Após experiências com medicinas indígenas e rodas de sagrado feminino, ela encontrou na arte manual uma forma de expressão. “A arte manual se agregou ao conhecimento que acumulei enquanto pesquisadora”, explica. Ao retornar ao Pará em 2019, Cristiane incorporou novas técnicas, como a marchetaria, Shou Sugi Ban e a aplicação de folhas de ouro legítimo.

Brincos Rio Amazonas Bifurcado com folhas de ouro 22k – Foto: amazoniaancestral

Em entrevista à Mo.So Magazine, a designer explica que seu trabalho envolve uma intensa pesquisa sobre técnicas e estéticas ancestrais, utilizando elementos como folhas, raízes e símbolos de poder da floresta amazônica. “Pretendo que minhas criações divulguem a complexidade e beleza criativa da Amazônia; que contem histórias profundas e antigas sobre o fazer manual dos povos da floresta”, afirma. Suas peças não são apenas adornos, mas uma forma de contar histórias e preservar tradições. “A Amazônia Ancestral é um projeto de pesquisa, de manualidades, experimentação artística, e de curadoria de materiais e design antigo”, diz Cristiane.

Cristiane Martins usa suas criações – Foto: @amazoniaancestral

A marchetaria foi a primeira técnica artesanal que Cristiane aprendeu, ainda no Acre. Hoje, suas criações utilizam madeira reaproveitada, prata, cobre, tecidos, folhas de ouro, pérolas e metais. “Meu design é definido por formas orgânicas de troncos, galhos, flores, os rios afetivos da região, e texturas encontradas na mata”, explica. Ela gosta de experimentar diferentes escalas em suas peças, desde pequenas pontas de lança até esculturas vestíveis.

Bolsa Sereia de Água Doce, com madeira esculpida. – Foto: @amazoniaancestral

Planejando para a COP30

Com a aproximação da COP30, a também artesã afirma ser uma grande oportunidade para o setor de design e artesanato locais. “Pretendo apresentar novas coleções com materiais diversificados, como os biocompósitos com matéria-prima amazônica”, revela. Além disso, enfatiza que a conferência trará uma injeção econômica importante para a região, destacando a sustentabilidade e a riqueza cultural da Amazônia.

Quando questionada sobre sua visão atual do mercado de joias amazônicas, Cristiane percebe um maior interesse fora do Pará. “Aqui, ainda falta um longo caminho para a valorização dos artistas locais. Mas fora daqui, tenho a impressão que as pessoas valorizam bem mais o que é produzido na Amazônia”, comenta. A maioria de suas consumidoras está na região sudeste do Brasil, evidenciando um crescente interesse pelas criações autênticas e culturais da Amazônia.

Foto: amazoniaancestral / Divulgação

Futuro da Amazônia Ancestral

Cristiane Martins está sempre desenvolvendo novos projetos. Recentemente, ela produziu o Projeto As Revoltosas, uma coleção de 12 esculturas vestíveis inspiradas em corpos femininos de cerâmica arqueológica das aldeias indígenas pré-coloniais da Amazônia. “As esculturas representam as mulheres atemporais que foram soterradas pelas cidades e agora emergem da terra para protestar por preservação patrimonial, ambiental e representatividade feminina”, explica.

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