Fernanda Bastos posa com suas criações – Foto: Thales Lima
Fernanda Bastos, macapaense e atual aluna de design de moda da Faculdade Estácio Belém, foi uma das quatro nortistas classificadas para as semifinais do 3º Desafio Sou de Algodão + Casa de Criadores, em São Paulo. Este concurso, promovido pelo movimento Sou de Algodão e pela Casa de Criadores, visa unir agentes da cadeia produtiva do algodão e capacitar novos talentos da moda. Os semifinalistas terão até 31 de maio para enviar seus projetos, e em julho, os 10 finalistas serão definidos, competindo pela chance de produzir suas coleções, que serão apresentadas em novembro na capital paulista.
Em entrevista exclusiva ao Mo.So Magazine, a estudante atribui grande parte de sua paixão pela moda à influência das mulheres de sua família. Desde criança, ela esteve cercada por retalhos e trabalhos manuais, o que moldou seu interesse pelo design de moda. “Acredito que foi tudo muito natural. Via a costura dentro de casa todos os dias. Minha avó fazia roupas para todos, e eu brincava com os retalhos que sobravam. Foi uma evolução natural, sempre gostei de aprender várias técnicas”, conta Fernanda. Ela destaca que sua formação foi autodidata em grande parte, complementada por cursos diversos, e sempre com o apoio das mulheres de sua família.
Essa tradição familiar não apenas a inspirou, mas também solidificou seus valores de sustentabilidade. “Minha avó fazia patchwork com retalhos de roupas e lençóis velhos. Foi algo que me ajudou no início, pois eu não tinha recursos para comprar tecidos novos. Usava o que tinha e aprendia com isso. Essa prática continua até hoje em minhas criações.”
Inicialmente formada em técnico de mineração, Fernanda percebeu que sua verdadeira paixão estava nas artes. “Participei de sarau, grupos de arte, fotografia e poesia, e isso fazia meu coração bater mais forte. Decidi que queria seguir o caminho das artes e da moda”, relata. Em 2018, fundou a marca Selvática, conhecida por sua abordagem sustentável, reutilizando retalhos e promovendo técnicas de patchwork, tradição aprendida com sua avó.
“Essa estética dos retalhos vem desde sempre. No início, por falta de recursos, depois, por uma escolha consciente de sustentabilidade. Hoje, somos eu e minha equipe, Gleid Neri e Ingrid Costa, no ateliê. Trabalhamos juntas em todas as etapas, desde a criação até a produção e distribuição. Fazemos entregas para todo o Brasil, e cada peça é única, feita com muito cuidado e atenção aos detalhes.” afirma.
Sobre sua participação no concurso Sou de Algodão + Casa de Criadores, Fernanda explica que foi motivada por sua orientadora e que desenvolveu duas coleções distintas para a competição. “Eu estava muito confiante. Fiz duas coleções e decidi por uma que fala sobre minhas viagens e o sonho de estudar moda.”
Fernanda revela que o processo de criação foi intenso e rápido. “Eu estava em Macapá no semestre passado, focada em trabalho e estudos. Só consegui produzir a coleção depois que vim para Belém. Minha orientadora, Clarice, foi fundamental nesse processo. Desenvolvemos a ideia juntas, e a coleção final é muito sentimental para mim.”
Para quem deseja ingressar no mundo da moda, Fernanda aconselha perseverança e confiança no próprio trabalho. “Acreditar no poder do tempo e das escolhas é essencial. As oportunidades podem ser distantes, mas é preciso persistir e ir atrás delas. Eu comecei um dia sem saber nada, mas sempre fui muito curiosa e persistente. Isso é fundamental para alcançar nossos objetivos.”
Ela também destaca a importância da experimentação e da autenticidade. “Não tenha medo de testar novas ideias e técnicas. Seja curioso e persistente. O mercado de moda pode parecer distante e desafiador, mas se você acredita na sua ideia e trabalha duro, as oportunidades aparecem.”
Fernanda Bastos segue firme na competição, representando não apenas seu talento, mas também a força e a tradição de sua família e região.
